Previsões 2007 (Europa)
Não resisto à tentação de fazer previsões para 2007, que serão devidamente confrontadas com a realidade, no final do próximo ano. E a minha bola de cristal focou em primeiro lugar a Europa.
Em 2007, a União Europeia deverá conhecer mais um ano de impasse. Tenho escrito no Corta-Fitas sobre a UE e, agora, penso que fui sempre algo optimista em relação à crise que a organização atravessa. Nas últimas semanas, houve novos sinais de que a actual liderança não será capaz de resolver os bloqueios, nomeadamente a questão central da reforma das instituições. A actual situação confirma, por exemplo, o pessimismo de Jacques Delors, há uns anos atrás, numa entrevista que, na altura, não compreendi bem. Dizia-me o antigo presidente da Comissão que o alargamento que então se preparava era um erro sem primeiro serem alteradas as instituições da UE.
Pelo que se passou nas últimas semanas, penso que 2007 será outro péssimo ano para a Europa. Durante o semestre alemão, haverá uma decisão para realizar uma Conferência Intergovernamental que possa introduzir alterações limitadas no tratado. Mas essa CIG só ocorrerá em 2008, sob presidência francesa.
Em resumo, impasse em todos os outros assuntos. Alterações orçamentais, só em 2010; e negociações significativas com a Turquia, só depois do novo tratado ser aprovado.
A presidência portuguesa será irrelevante e, entretanto, os líderes terão quase dois anos para decidirem um novo nome para o documento. Tudo menos Tratado Constitucional, claro.