Presidente Correa
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O que disse o novo líder do Equador? Que tenciona mudar o sistema político do país “para acabar com certas máfias” (havia em Lisboa, aqui há uns anos, quem lhes chamasse “sanguessugas”...). A economia pode esperar pois “está vinculada à reforma política porque as máfias estão em todo o lado”. Para já, fica a certeza de que “não haverá medidas [económicas] de ajuste severas”, o que “castigaria os pobres”. Mantêm-se as “ajudas públicas” e promete-se desde já uma “redução dos custos dos serviços públicos, como a electricidade”, o que poderá valer ao meu hipotético primo um futuro Prémio Nobel da Economia. Ah, é verdade: num supremo passe de demagogia, o Rafael começará por reduzir para metade o seu próprio salário como presidente, que baixará de oito mil dólares (cerca de seis mil euros) para quatro mil (três mil euros). Dólares, sim – a divisa americana deve manter-se como moeda oficial do país, o que não impede Rafael Correa de repetir um estribilho que agradaria aos seus mentores Fidel Castro e Hugo Chávez: “Hasta la victoria sempre!”
O que faz correr Correa? O sopro revolucionário, agora caucionado pelas urnas. Claro que a “revolução”, quando é paga em dólares, tem sempre mais encanto. Mesmo assim, com este arranque, não auguro nada de bom para o mandato do meu primo...