Quando o homem quiser? - Crónica
Para mim a festa de Natal é no dia 25 de Dezembro. Para a ocasião guardo uns dias de férias e, com a alma vestida de gala, nesse dia celebro em família o nascimento de Jesus Cristo. Diariamente durante as quatro semanas precedentes, com a ajuda das crianças, iremos desfolhar um calendário do advento numa honesta tentativa de preparação para o grande evento. Para mim, a celebração do Natal está protegida pelo sentido e pela essência que a fundamenta.
Porém, com crescente ruído outra festa já se faz anunciar. Uma canseira. Chamam-lhe natal, mas será outra coisa por certo. É que ao contrário do que disse um poeta, seguramente o Natal não é “quando um homem quiser”. O "homem" normalmente quer outras coisas.
A quase dois meses da data, leio a notícia que a cidade da Amadora já inaugurou as iluminações de Natal. A feira começou, nem posso acreditar! As decorações na Avenida da Liberdade, umas bolas gigantes azuis e brancas, ameaçam acender-se a qualquer momento. A televisão já iniciou as exaustivas lavagens de cérebro apresentando um infindável e tentador catálogo de coloridos pechisbeques, que farão a criançada feliz por cinco minutos - ou apenas um instante. Anunciam-se automóveis de sonho em prestações suaves a pagar lá para as calendas gregas. Centenas de pais natais, animados, reais, digitais, vestidos à Benfica preparam-se e já “aquecem” ordenadamente para o massacre. Nos próximos dois meses vamos levar com o Santa Claus no Espaço, no Comboio, no Far West, na neve e no Havai, na rua do Ouro e no Shopping. Tanta poluição sonora e visual desorienta as crianças e confunde-nos a nós, adultos.
Enfim, o sonho já está à venda para todas as bolsas.
O problema é que, como acontece com todos os sonhos, um dia acordamos estremunhados com a realidade. Sem resolver o vazio, sem praticar o amor, sem cumprir a relação que nos justifica.
Aproveitada pelo político, pelo publicitário ou pelo comerciante, despojada do seu fundamento espiritual (essencial), a festa do Natal hoje em Portugal é vulgarizada e desvirtuada. Impregnada de frágeis e patéticos ideais líricos, esta quadra tornou-se território de um ensurdecedor despique de marketing, um monumento ao desperdício e à opulência. A felicidade descartável, os sonhos recarregáveis estão em promoção num qualquer hipermercado perto de nós. Um deprimente histerismo consumista é (cada vez mais) longa e exaustivamente promovido pelos ares da cidade, pronto-a-vestir, pronto-a-comer, pronto-a-usar e pronto a esquecer.
E se calhar alguns inocentes mais entusiastas consumidores desta feira de ilusões, atafulhados de dívidas e de tralhas inúteis vão despertar de novo, em Janeiro, para uma pesada e gratuita depressão pós-traumática pós-stress.
Porém, com crescente ruído outra festa já se faz anunciar. Uma canseira. Chamam-lhe natal, mas será outra coisa por certo. É que ao contrário do que disse um poeta, seguramente o Natal não é “quando um homem quiser”. O "homem" normalmente quer outras coisas.
A quase dois meses da data, leio a notícia que a cidade da Amadora já inaugurou as iluminações de Natal. A feira começou, nem posso acreditar! As decorações na Avenida da Liberdade, umas bolas gigantes azuis e brancas, ameaçam acender-se a qualquer momento. A televisão já iniciou as exaustivas lavagens de cérebro apresentando um infindável e tentador catálogo de coloridos pechisbeques, que farão a criançada feliz por cinco minutos - ou apenas um instante. Anunciam-se automóveis de sonho em prestações suaves a pagar lá para as calendas gregas. Centenas de pais natais, animados, reais, digitais, vestidos à Benfica preparam-se e já “aquecem” ordenadamente para o massacre. Nos próximos dois meses vamos levar com o Santa Claus no Espaço, no Comboio, no Far West, na neve e no Havai, na rua do Ouro e no Shopping. Tanta poluição sonora e visual desorienta as crianças e confunde-nos a nós, adultos.
Enfim, o sonho já está à venda para todas as bolsas.
O problema é que, como acontece com todos os sonhos, um dia acordamos estremunhados com a realidade. Sem resolver o vazio, sem praticar o amor, sem cumprir a relação que nos justifica.
Aproveitada pelo político, pelo publicitário ou pelo comerciante, despojada do seu fundamento espiritual (essencial), a festa do Natal hoje em Portugal é vulgarizada e desvirtuada. Impregnada de frágeis e patéticos ideais líricos, esta quadra tornou-se território de um ensurdecedor despique de marketing, um monumento ao desperdício e à opulência. A felicidade descartável, os sonhos recarregáveis estão em promoção num qualquer hipermercado perto de nós. Um deprimente histerismo consumista é (cada vez mais) longa e exaustivamente promovido pelos ares da cidade, pronto-a-vestir, pronto-a-comer, pronto-a-usar e pronto a esquecer.
E se calhar alguns inocentes mais entusiastas consumidores desta feira de ilusões, atafulhados de dívidas e de tralhas inúteis vão despertar de novo, em Janeiro, para uma pesada e gratuita depressão pós-traumática pós-stress.
Etiquetas: Cristianismo, Crónicas, Religião