Inveja de Espanha
Na sua coluna do Expresso, caderno de Economia, o professor Daniel Bessa tem hoje um curioso texto onde, depois de afirmar que os portugueses olham “com inveja” os resultados económicos da Espanha, aponta algumas das fragilidades da conjuntura espanhola, nomeadamente inflação elevada e o facto de o crescimento assentar no “mercado interno”. A conclusão do académico é a de que em economia “não há resultados definitivos”.
Para Portugal, seria um pesadelo se a economia espanhola começasse a derrapar. Nos últimos cinco anos, a Espanha cresceu a um ritmo anual superior a 2,5% do PIB. Entre 1981 e 2000, a média anual foi de 2,8%. A economia portuguesa tem beneficiado largamente desta vizinhança, veja-se a crescente importância económica das cimeiras luso-espanholas e do comércio.
Entre 1981 e 2000, Portugal cresceu mais depressa do que a Espanha, a uma média anual de 3%. Mas, entretanto, entrámos numa crise inexplicável, ou antes, fruto de endividamento e falta de competitividade. Tínhamos modernizado de forma insuficiente e a globalização tem um efeito devastador no modelo português de baixos salários. No ano passado, a economia cresceu 1,1%; este ano, deverá expandir-se entre 1,2 e 1,4%; em 2003, encolheu 1,1%. O ajustamento está a fazer-se pela pauperização dos portugueses: aumento de impostos, quebra no investimento e paulatina baixa de salários. A diferença entre ricos e pobres tende a aumentar.
Estes péssimos resultados ocorreram em simultâneo com uma entrada anual líquida de subsídios europeus equivalente a 2% do PIB. Tire-se o dinheiro europeu e temos uma realidade ainda mais negra.
O que nos vale é que não há resultados definitivos em economia e o nosso empobrecimento não deve durar mais do que uns três ou quatro anos... (adicionais, bem entendido)