Cavaco, a alegria da esquerda
Para não variar, a maioria dos comentadores chutou ao lado, cegos que estão pelo simplismo esquerda X direita e sempre com pressa em se regozijar com boas notícias para Sócrates. Creio que a maior parte das pessoas que, como eu, votou em Cavaco, não estava à espera que ele fizesse oposição ao Governo ou o derrubasse, numa espécie de revanche do que Sampaio fez com Santana. Aliás, acho que ninguém de bom senso no PSD, e julgo que também no CDS, quer eleições antecipadas. Eu votei em Cavaco para ele impor uma cultura de exigência aos governos, sejam eles de esquerda, direita, centro, alto ou baixo. A minha desilusão com a entrevista a Maria João Avillez foi causada por ele avalizar a actuação de um Governo que é muita propaganda, muita parra e pouca uva, muito barulho para quase nada, que faz um orçamento como este, que não corta na despesa, que anda a fazer piruetas demagógicas contra farmácias ou bancos, que faz o contrário do que prometeu na campanha. Não precisava atacar o Governo, poderia inclusive mostrar apoio a algumas medidas, mas precisava também mostrar que não se contentava com tão pouco. Mas a maior desilusão com Cavaco é vê-lo a imitar o Soares do primeiro mandato, apenas interessado em alargar a sua base de apoio para a reeleição. Num primeiro post que escrevi sobre esta entrevista, dizia que, provavelmente, por falta de opções, iria repetir o meu voto em Cavaco. Agora, pensei melhor, e se ele continua com este baixo nível de exigência, vou abster-me. Os socialistas que votem nele.