A Ibéria e o povo sem qualidades
Estamos à beira de mais uma cimeira luso-espanhola e parece boa ocasião para discutir o tema do iberismo. Ultimamente, surgiram debates, em blogues e jornais, sobre a eventual sensatez de Portugal se aproximar ainda mais da Espanha. Houve até uma sondagem significativa. E, pelo que li em artigos no El Pais, a ideia também agrada a certos círculos espanhóis.
É evidente que, para uma empresa, o acesso ao mercado ibérico só pode ser boa ideia. Comércio e aproximação cultural são vantajosos, mas a discussão costuma descambar numa outra, ligada ao post aqui em baixo, em que critiquei uma opinião de Maria Filomena Mónica (MFM) sobre os camponeses portugueses. As afirmações de MFM foram discutidas aqui e em vários blogues, mas a verdadeira discussão transformou-se depressa no seguinte tema: “O povo português tem qualidades?”
Para alguns leitores, pelo menos na nossa caixa de comentários, a resposta é que o povo português tem sobretudo defeitos. Muitas pessoas parecem ter aderido, pelo menos parcialmente, à tese de que o povo português é inculto, desconfiado, tacanho, subdesenvolvido. Este tipo de discurso é frequente, muito mais do que parece à primeira vista. Os portugueses são todos uma espécie de taxista-do-Aeroporto-de-Lisboa-a-levar-um-passageiro-até-ao-Marquês!
Em outro país, isto seria um verdadeiro absurdo, fácil de desmontar, mas a ideia está tão embutida nos espíritos que se torna difícil argumentar sem parecer ultra-nacionalista. A tese do povo sem qualidades é facilmente desmentida pela história, a forma como os portugueses emigraram, a riqueza da cultura popular, a tolerância a estrangeiros, a facilidade de adaptação a dificuldades.
Admito que o país ainda não tenha superado o trauma de ficar sem império, que historicamente tenha sido mais periférico em relação ao centro da cultura europeia, que tenha perdido vitalidade devido à emigração em massa. Mas daí a povo sem qualidades vai um abismo.
As noções da nossa inferioridade, ligadas a exemplos pouco sólidos e anedóticos, criam visões depressivas e, quando o país cai na depressão de uma crise económica, tudo nos parece impossível de sustentar. E o iberismo surge como a solução fácil. Acho que, pelo contrário, a afirmação da nossa identidade, a independência num quadro europeu, com forte ligação económica à vizinhança, são o óbvio destino português.
Quanto à Espanha (lá iremos noutro post) o iberismo trará desvantagens muito superiores às vantagens.
É evidente que, para uma empresa, o acesso ao mercado ibérico só pode ser boa ideia. Comércio e aproximação cultural são vantajosos, mas a discussão costuma descambar numa outra, ligada ao post aqui em baixo, em que critiquei uma opinião de Maria Filomena Mónica (MFM) sobre os camponeses portugueses. As afirmações de MFM foram discutidas aqui e em vários blogues, mas a verdadeira discussão transformou-se depressa no seguinte tema: “O povo português tem qualidades?”
Para alguns leitores, pelo menos na nossa caixa de comentários, a resposta é que o povo português tem sobretudo defeitos. Muitas pessoas parecem ter aderido, pelo menos parcialmente, à tese de que o povo português é inculto, desconfiado, tacanho, subdesenvolvido. Este tipo de discurso é frequente, muito mais do que parece à primeira vista. Os portugueses são todos uma espécie de taxista-do-Aeroporto-de-Lisboa-a-levar-um-passageiro-até-ao-Marquês!
Em outro país, isto seria um verdadeiro absurdo, fácil de desmontar, mas a ideia está tão embutida nos espíritos que se torna difícil argumentar sem parecer ultra-nacionalista. A tese do povo sem qualidades é facilmente desmentida pela história, a forma como os portugueses emigraram, a riqueza da cultura popular, a tolerância a estrangeiros, a facilidade de adaptação a dificuldades.
Admito que o país ainda não tenha superado o trauma de ficar sem império, que historicamente tenha sido mais periférico em relação ao centro da cultura europeia, que tenha perdido vitalidade devido à emigração em massa. Mas daí a povo sem qualidades vai um abismo.
As noções da nossa inferioridade, ligadas a exemplos pouco sólidos e anedóticos, criam visões depressivas e, quando o país cai na depressão de uma crise económica, tudo nos parece impossível de sustentar. E o iberismo surge como a solução fácil. Acho que, pelo contrário, a afirmação da nossa identidade, a independência num quadro europeu, com forte ligação económica à vizinhança, são o óbvio destino português.
Quanto à Espanha (lá iremos noutro post) o iberismo trará desvantagens muito superiores às vantagens.
Etiquetas: Europa, Internacional