Repúblicas
Queria regressar ao Corta-Fitas com um post sobre as Repúblicas, mas já outros escreveram aqui o que eu pretendia escrever: não sendo monárquico, sinto grande perplexidade pela insistência neste feriado do 5 de Outubro. Tirando a propaganda, o que se comemora? Um regime caótico, repleto de golpes militares, e outro autoritário, antidemocrático? Como o essencial ficou dito nos posts anteriores, pego numa ideia que o Duarte quase desenvolve: as raízes da nossa instabilidade política.
Acho que cada país tem uma personalidade e os velhos países europeus, sobretudo os mais pequenos, foram repetindo certos conflitos históricos, ligados à sua geografia e cultura, os quais determinaram certos instintos. Por exemplo, há países onde se privilegia o consenso, outros que preferem o compromisso, outros ainda que acumulam vapor revolucionário e, por vezes, explodem como vulcões. Portugal, ao longo da história, sempre oscilou entre dois pólos: autoridade ou caos. Ou poder centralizado nas mãos de um único homem ou o poder espalhado por caciques, barões e lóbis.
O actual regime, a terceira república, parece ter quebrado este padrão de longo prazo. O que evitou o segundo cenário, depois de 74, foi o facto de Portugal ser membro da NATO e, além disso, terem surgido políticos sensatos que levaram o país para a então CEE (agora União Europeia). Sem isso, provavelmente não teríamos escapado a um de dois destinos fatais: o caos político produzido por uma oligarquia de baronatos, presidentes de clubes de futebol, autarcas e militares golpistas (com acesso a 100% do bolo orçamental); ou, em alternativa, um iluminado que se eternizasse no poder e que governasse sozinho, secando tudo à volta...
Imagem: O Portal da História
Grupo revolucionário, em Lisboa, Maio de 1915. A revolução durou cinco dias e fez mais de 200 mortos.