A Europa em tempo de mudança
O modelo do "Estado Social" europeu, tão glosado nos cenáculos bem-pensantes, jamais teria existido se não houve sido defendido durante meio século pelos norte-americanos. Quando Wilson (em 1917) e sobretudo Roosevelt (em 1941) decidiram intervir militarmente na Europa, alterando uma trave-mestra da política externa americana, até então caracterizada pelo isolacionismo militante, transformaram os Estados Unidos em protectores do Velho Continente. Os americanos pagaram um duro preço nesta função, a começar por um número incontável de vidas humanas. As sociedades europeias de bem-estar, de que tanto nos orgulhamos, nunca teriam sido possíveis sem este preço. É bom retermos estas lições da História num momento em que todos os sinais apontam para um declínio irreparável do nosso modo de vida: praticamente às portas da Europa, um "líder" demencial como o presidente iraniano, a que alguns europeus teimam em achar graça, volta a pôr em causa a existência do Holocausto e a incendiar os ânimos contra o "inimigo sionista" e as sociedades de consumo ocidentais. Daqui a uns anos, dotado de bomba atómica, este homem e os seus sequazes não se limitarão a produzir desmandos verbais. Por cá, no entanto, há quem esteja mais preocupado com uma citação do Papa, apesar de o Vaticano não fabricar bombas nucleares, e com o "imperialismo" norte-americano, sem o qual a Europa não seria o que é nem teria capacidade para falar como hoje fala. A verdade é que o mundo ficaria ainda mais perigoso se de repente os americanos voltassem ao isolacionismo e abandonassem os povos europeus à sua sorte.