Provocatório
António Nogueira Leite pôs o dedo na ferida. Esta posição, bem como as que Alexandre Relvas defendeu na última edição do Expresso, são provas vivas de que, afinal, a convenção do Compromisso Portugal, que amanhã se realiza no Convento do Beato, em Lisboa, não será apenas uma feira de vaidades. O País só tem a ganhar se assim for.
O antigo secretário de Estado de Guterres (e hoje mais próximo do centro-direita) defende a redução de 200 mil funcionários públicos em cinco anos, gerando uma poupança de cinco mil milhões de euros. O segundo, que foi secretário de Estado do Turismo de Cavaco (e seu director de campanha nas presidenciais), diz que "não basta fazer o possível, é preciso fazer o necessário, e Portugal precisa de mais coragem e de rupturas". Relvas afirma que as promessas de Sócrates da última campanha "já são incumpríveis". Refere-se, claro, à criação de 150 mil postos de trabalho e à redução de 75 mil funcionários públicos.
Estes serão, de certo, dois dos discursos mais ouvidos no Beato. Até porque ambos apoiaram a candidatura presidencial de Cavaco Silva, em lugares de destaque (um como operacional, o outro na comissão de honra). Aliás, António Carrapatoso também, ele que foi entregar o documento com as ditas propostas "provocatórias" a Belém, tendo sido recebido pelo próprio Presidente. Ao que se sabe, o presidente da Vodafone Portugal quis fazer o mesmo com José Sócrates, mas o primeiro-ministro não o recebeu. Como dizia o Jardel: Porque será?..