quarta-feira, setembro 13, 2006

O regresso do Oásis

1. "Despesa pública cai pela primeira vez em 30 anos" - Jornal de Negócios. Neste jornal, o primeiro-ministro garante que "ainda vamos ter uma agradável surpresa em relação ao crescimento da economia nacional em 2006". As aspas, e lembrando a iniciativa do João em baixo, são minhas porque o jornal não põe nenhumas. Assume aquilo tudo. O segundo nome do primeiro-ministro não devia ser o de um filósofo grego, mas sim um bem mais português. Sebastião, talvez não ficasse mal.
2. No mesmo jornal, lê-se isto: "Constâncio revê crescimento em alta pela segunda vez". O governador do Banco de Portugal, sabendo-se como é importante o discurso optimista para dar confiança aos mercados e à economia, está muito diferente. Até parece outro, muito mais solto e animador. O País, sem dúvida, só ganha com isso.
3. No Jornal de Notícias, a manchete também está óptima: "Quinta descida seguida no preço da gasolina". Leia-se ainda os destaques da dita manchete: "Nos últimos anos foram poucas as vezes em que se registaram tantas reduções consecutivas"; "Gasolina sem chumbo está mais barata três cêntimos, mas gasóleo mantém-se inalterado". Fico sem perceber a razão de muitos portugueses que vivem na fronteira irem abastecer os carros a Espanha. Isto para além de também encherem os carrinhos das compras. Andam enganados, sem dúvida.
4. O Diário Económico, apesar de uma manchete igualmente encorajadora, "Economia portuguesa no caminho certo", é mais cauteloso. Atente-se aos destaques da primeira: "Banco de Portugal vai rever novamente o crescimento para este ano"; "Riscos continuam a ser elevados e vão condicionar a actividade em 2007; "Consolidação orçamental continuará a ser difícil".
Vamos ver quanto tempo dura até alguém explicar que o excesso de optimismo não faz bem a ninguém. E que a retoma não chegou, nem a recessão passou. Talvez o Presidente da República ponha ordem nisto um dia destes. Acho isso cada vez mais provável, atendendo às mais recentes declarações do próprio primeiro-ministro e do governador do Banco de Portugal. Veremos se assim é.