Soares no lugar dos Sopranos
Por uma vez, troquei um episódio dos Sopranos pelos Prós & Contras. No horário que habitualmente reservo à premiada série americana nas minhas segundas-feiras televisivas, surgiu-me ontem Mário Soares num frente-a-frente com Pacheco Pereira. A pretexto do 11 de Setembro (ou "11 de Novembro", como disse o dr. Soares, confundindo aparentemente a data do atentado às Torres Gémeas com a da proclamação da independência de Angola). Fazendo uma síntese do arguto pensamento de Fernando Rosas com as teses lapidares de Boaventura Sousa Santos, o ex-Presidente da República incitou-nos a "compreender" o terrorismo. Incentivou-nos a "negociar" com os terroristas, mesmo com aqueles que nos querem destruir à bomba. Ensinou-nos que "o terrorismo tem causas", a saber: "A pobreza, a miséria, a roubalheira, a corrupção..." E proclamou, sem sombra de dúvida: "O terrorismo tem muitas culpas. Mas aqueles que combatem o terrorismo têm muitas mais." A começar pelo presidente norte-americano. A quem Soares, com notória criatividade verbal, chamou Truman.
Aplaudi sem reservas. É uma das declarações que mais ficarão a marcar este ano de 1946.