Singularidades de uma rapariga morena
Lido o artigo de Daniel Ribeiro na Única sobre Ségólene Royal, apresentada como «mãe de quatro filhos» e possível candidata à presidência francesa, confesso que enquanto o tom do mesmo me causa alguma perplexidade, a entrevista ainda causa mais.
No artigo, ficamos a saber do deslumbramento de Daniel com esta «mulher esbelta», com «físico de adolescente e um sorriso desarmante». E também que, com François Hollande, «mantém uma relação equilibrada» e «discute frequentemente na cama as grandes estratégias político-partidárias» (Valha-me Deus, nem vou fazer piadas sobre esta última frase, só me espanta que ainda não seja possível escrever sobre uma mulher política sem comentar-lhe o corpinho e falar de cama).
Na entrevista, para além de ser contra a despenalização das drogas leves, a legalização da prostituição e o casamento homossexual, Ségolène defende esta coisa linda: A inserção dos jovens delinquentes na instituição militar. Ou seja, em lugar da detenção para os criminosos, uma recruta e uma arma.
Que são necessárias alternativas de reinserção para os jovens em lugar da prisão, estou de acordo. Que se acredite que a tropa fará deles homens, canalizando-lhes a tendência para a transgressão na direcção do mortícinio legal em combate, ensinando-os a matar em ambientes legitimados, é outra coisa muito diferente.
Por tudo o que li, esta senhora é tão socialista como Manuel Monteiro. Mas talvez tenha lido mal, ofuscado pelo seu sorriso deslumbrante.