O socialismo mumificado
Na Coreia do Norte, falecido em 1994 o "Grande Líder" Kim Il-Sung, logo o trono vermelho foi herdado pelo seu primogénito, o "Querido Líder" Kim Jong-Il. Agora em Cuba, Fidel Castro, que se mantinha há 47 anos agarrado ao poder absoluto, transmite por motivo de doença ao mano menos idoso todos os cargos que detinha: presidente do Conselho de Estado, presidente do Governo, comandante supremo das Forças Armadas "Revolucionárias" e primeiro-secretário do Comité Central do Partido Comunista de Cuba (uff!). Caídas todas as máscaras, eis o "socialismo real" travestido de monarquia hereditária, dependente mais que nunca do ditame pessoal do chefe, à total revelia da vontade popular e já sem qualquer simulacro de consulta aos órgãos do partido único. Com a saúde do tirano das Caraíbas transformada em "segredo de Estado" dá-se outro passo decisivo na degeneração da "revolução" cubana numa grotesca caricatura de socialismo, capaz de ofender até os mais devotos praticantes desta fé.
Em paralelo à agonia do quase octogenário comandante in jefe, que há muito passou de "libertador" a opressor do seu próprio povo, é a própria concepção de comunismo que entra definitivamente em colapso. Deixou de ser "o espectro que assombra a Europa" para se tornar numa espécie de múmia assombrada no silêncio do sarcófago.