Corpo são
"A expressa menção à «actividade física», a par da referência ao «desporto», visa enfatizar o propósito do Governo de não só apoiar a prática desportiva regular e a de alto rendimento – tradicional objecto das nossas políticas desportivas – como também criar condições para se promover e desenvolver, entre a população em geral, a «actividade física» enquanto instrumento essencial para a melhoria da condição física, da qualidade de vida e do bem estar, bem como para encorajar os portugueses a integrar a actividade física nos seus hábitos de vida quotidiana pelos efeitos benéficos que tem para a saúde. Neste sentido, incumbe à Administração Pública promover programas, com vista à criação de espaços públicos adequados para a prática desportiva, assim como adoptar medidas que facilitem a adopção de estilos de vida activa".
Esta pérola não foi encontrada em nenhuma história do desporto e da condição física do Estado Novo ou nos fundamentos da Mocidade Portuguesa. É antes parte integrante da "Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto", que se encontra em discussão pública, em fase de especialidade, na Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República. Eu concordo com o meu amigo (e antigo colega de mestrado) Laurentino Dias, secretário de Estado da tutela, quando diz que era preciso pôr alguma ordem no sector. Sobretudo no futebol, nas relações com o Estado, as autarquias e os governos regionais. E também nas federações, ligas e quejandos. Mas, sinceramente, não percebo o que o Estado e o Governo têm a ver com a "actividade física" de cada um. Com o que cada um come ou bebe. Se corre e faz jogging, se levanta pesos ou se, por outro lado, bebe uns whiskies, fuma uns charutos e é avesso a qualquer "actividade física". Uma lei de bases do desporto faz sentido, a segunda parte é que era dispensável. O meu caso não é preocupante, mas o Estado não tem nada a ver com o tamanho da minha barriga. Ou tem?