Born in the UK
As notícias de hoje não são boas. Acordei de manhã com a informação de que a Scotland Yard e o MI5 (who else?..) tinham desmantelado um plano terrorista para deitar abaixo entre dez a vinte aviões. Todos os aeroportos ingleses estão agora sob vigilância apertada. A polícia britânica diz que a ideia dos terroristas já presos - "de origem paquistanesa" na maioria, segundo dados inicialmente divulgados - era provocar explosões nos voos entre a Inglaterra e os EUA. Os ingleses adiantam também que o objectivo era provocar "mass murder on an unimaginable scale". O pior voltou. O mundo está outra vez em estado de pânico, Tony Blair acompanha o assunto com preocupação a partir das Caraíbas, onde está de férias, mas desta vez o tema tem nuances. É que os 21 detidos, "de origem paquistanesa", são quase todos british born. E isto muda tudo. Muda a maneira como olhamos para o terrorismo internacional, para os culpados de sempre, para os alvos mais óbvios. Estes alvos, agora, estão dentro das nossas fronteiras. Vivem por aí, respiram o mesmo ar, têm até alguns dos nossos hábitos. Mas não os mesmos valores e crenças. Por isso, muda também a maneira como temos de pensar as políticas de imigração e, sobretudo, as de integração. Senhor Blair, dê um mergulho nessas águas límpidas e enquanto bebe um gin tónico pense nisto tudo. Eu era para dar um salto a Londres este Verão e já não vou. Fico por cá, porque, por enquanto, os "paquistaneses" que andam por aí em Lisboa só nos rebentam a cabeça para que lhes compremos flores nos restaurantes e bares.
P.S. - A fotografia de Blair foi tirada não nas Caraíbas ou nos Barbados, onde esteve no ano passado, mas quando teve como anfitrião Silvio Berlusconi há dois anos. Numa mini-cimeira caseira.