Os jornais em tempo de mudança (1)
A imprensa portuguesa ou se reconverte ou morre. Face à contínua quebra de audiências e vendas, constante em cada trimestre que passa, chegou o momento de pararmos para reflectir com a urgência necessária. Os títulos generalistas, não especializados, atravessam um período de grande vulnerabilidade. Entalados entre os diários de distribuição gratuita, que se tornaram um irresistível fenómeno que veio para ficar, e a crescente oferta da informação em rede, a margem de manobra que lhes resta é diminuta. O que fazer então? Reconverter prioridades, reconverter os temas, reconverter a escrita. E não deixar isto para amanhã: é preciso agir já. Desde logo, convém perceber que passou o tempo em que o leitor procurava os jornais: agora são os jornais que devem ir ao encontro do leitor. Sem a pretensão de abarcar toda a realidade: é preferível reduzir drasticamente o leque de temas e concentrar a abordagem jornalística no que é essencial. Partindo do princípio de que o noticiário “horizontal” é dissecado à exaustão por incontáveis canais de rádio e televisão, a aposta deve centrar-se no tratamento em profundidade dos temas escolhidos. Sem nunca perder de vista a utilidade que essa abordagem terá para o destinatário concreto da informação.