terça-feira, junho 27, 2006

Banda larga na província

- Ding, dong.
- Quem é?
- Bom dia minha senhora. Vim instalar-lhe a banda larga.
- Ah! Olhe que o meu Manel ainda está em casa. Você até parece um rapaz jeitoso, mas eu já não tenho idade para essas coisas. Não leve a mal. Olhe, ali no 21 há uma viúva, experimente que a esta hora ainda não tomou os comprimidos.
- Não, ouça, a banda larga é para poder aceder à Internet.
- Não pode voltar depois das cinco? É quando o meu Manel vai à Casa do Benfica jogar dominó, ver a bola e beber umas minis com os amigos. Eu sei que às vezes vão à casa de alterne das brasileiras por cima do restaurante chinês, foi por isso que lhe disse que também tinha necessidades mas a verdade, olhe, é que já nem me apetece essas coisas. Tenho muito que fazer, sabe?
- (silêncio) Nunca ouviu o nosso Primeiro-Ministro falar no choque tecnológico? Isto é para democratizar o acesso à rede.
- Ah! Ele também é muito jeitoso, mas dizem para aí umas coisas. Olha-se para ele e vê-se logo que não é verdade, foi o que eu disse à minha amiga Prantelhana. Agora de choques é que não gosto nada.
O senhor é doutor, não é? Tem ar de ter estudos. É triste ver assim os doutores agora a bater às portas. O meu filho desistiu e foi para bate-chapas mas andava lá só para beber e andar atrás das cachopas, sai ao pai dele coitado.
- Pois. Hmmm... eu volto então noutro dia, está bem?
- Isso, isso. Venha cá na quarta-feira que o meu Manel vai à caça. Depois sou eu que tenho de esfolar e tirar as entranhas aos coelhos. Se tiver uma máquina de esfolar a bicharada é que lha compro logo. Adeuzinho.