Notícias sobre coisa nenhuma

O "jornalismo antecipativo", que o João Pedro em boa hora veio contestar, está longe de se circunscrever à política. Acrescento: não é sequer na política que se encontram as mais absurdas "notícias" redigidas por antecipação. É no desporto, sobretudo na chamada época do "defeso" - prestes a iniciar-se - com mirabolantes manchetes sobre contratações de "craques" que nunca chegam a concretizar-se. E é na economia, área sujeita como nenhuma outra ao duplo risco da propaganda governamental e empresarial. Basta comparar as parangonas que certa imprensa da especialidade reservou à putativa refinaria de Sines hipoteticamente a construir pelo senhor Patrick de Barros, em Dezembro de 2005, com o enorme fiasco em que este projecto se traduziu cinco meses depois. Foi-se a propaganda que anunciava Sines como equivalente "a duas Autoeuropa", ficou um enorme buraco sem nada dentro. As parangonas afinal eram sobre coisa nenhuma.