A casa assombrada (crónica)
A propósito de uma crónica anterior que escrevi neste blogue, houve uma interessante troca de comentários com alguns leitores. O último era de um anónimo, o qual dizia que “os anónimos como eu também têm direito à resposta”. Confesso que isto, para mim, serve de instrução. Trabalho num jornal e, durante anos, tive curiosidade apenas relativa em relação à blogosfera. Participei em algumas discussões, mas sempre com o meu nome.
Objectivamente, sou um novato nestas andanças. Nos media tradicionais, uma carta anónima vai para o caixote do lixo. Nem se pensa muito, vai direitinha para lá.
Quando cheguei aqui, percebi que a graça estava na interactividade do meio, mas nunca considerei responder aos comentários anónimos, mesmo quando eles eram eficazes ou pertinentes. Aliás, ainda não compreendo porque razão alguns leitores preferem o anonimato.
No meu outro blogue, o objectivo é escrever literatura e os leitores perceberam desde o início que não fazia sentido insultar os autores (embora tenham surgido comentários desagradáveis, sobretudo para outros participantes). Mas o Corta-Fitas é um jornal de parede, tem uma linguagem descontraída e houve sempre comentários anónimos, muitos com agressividade.
Sei agora que alguns são leitores fiéis que enriquecem o blogue. Isto lembra uma casa assombrada que certos fantasmas visitam regularmente, tentando conversar com os seres que se imaginam únicos proprietários. Às vezes, podemos sentir arrepios, mas é preciso respeitar os espíritos.