A invisibilidade I (crónica)
Sempre me impressionou a forma como umas notícias são mais importantes do que outras. Por vezes, é questão de acaso, apenas isso, mas quase sempre existe um critério impalpável que determina as prioridades. Em arte, a injustiça do esquecimento ou da glória é ainda mais misteriosa. Conheço alguns exemplos húngaros.
Béla Bartók é justamente considerado um dos grandes compositores do século XX. Há músicos para quem ele é o grande compositor do século XX. Mas Bartók é o único exemplo que conheço de um artista húngaro conhecido em todo o mundo (se descontarmos Férenc Liszt).
A Hungria tem um pintor extraordinário completamente ignorado fora do país. Tivadar Csontváry (lê-se tchontvári), pseudónimo de Mihály Koszta (1853-1919). A imagem de cima é o seu auto-retrato. Começou a pintar aos 40 anos e a sua obra é totalmente diferente do que se fazia na época. Ele era um expressionista antes do tempo. Contemporâneo de Van Gogh, Csontváry é parecido com o mestre holandês não apenas no génio, mas na esquizofrenia e na forma como foi desprezado em vida, por existir no exterior de todas as modas.
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