Como nos filmes
Gosto do bar do Hotel Ritz, sobretudo aos fins de tarde. Com a sua atmosfera de anos 50, é um dos melhores recantos de Lisboa. Tem um charme inultrapassável. Fui lá esta semana. Bebericava um sumo de tomate temperado e trincava umas castanhas de caju sem me apetecer abrir o jornal. À minha volta, gente conhecida. Um dirigente socialista com notórios interesses empresariais conversava com visitantes estrangeiros. O director de uma das principais agências de comunicação portuguesas pontificava numa mesa muito engravatada. O patrão de um influente órgão de informação trocava confidências com uma das suas mais competentes jornalistas. E o pianista tocava La Vie en Rose. Por momentos pensei que a música não podia ser mais apropriada ao cenário circundante. Parecia uma cena de filme. Deixei-me ficar um pouco mais. Como se o tempo pudesse parar.