A eterna Alida Valli
O cinema europeu produziu menos estrelas do que o americano. Mas algumas delas são inesquecíveis. Foi o caso de Alida Valli, agora falecida. Beleza, sofisticação, um certo ar de mistério e sobretudo um imenso talento caracterizavam esta italiana que protagonizou filmes durante mais de seis décadas. Vi-a em várias obras-primas - do Sentimento, de Visconti, à Estratégia da Aranha, de Bertolucci, passando por um filme emblemático dos anos 50, hoje incompreensivelmente quase esquecido: O Grito, de Antonioni. Mas a mais memorável das suas interpretações foi no papel de Anna Schmidt, em O Terceiro Homem, de Carol Reed (1949). Uma película que tem uma das melhores cenas finais de toda a história do cinema. Altiva, orgulhosa, Alida Valli deixa o cemitério de Salzburgo e caminha estrada adiante, indiferente à boleia que Joseph Cotten lhe oferece, enquanto escutamos o sublime tema musical extraído da cítara de Anton Karas. E assim a víamos até se perder na linha do horizonte. Entrando directamente na galeria das figuras eternas da Sétima Arte.