O tratado (II)
A UE confronta-se com vários problemas práticos. É um gigante económico, com poder de influenciar a evolução em muitos países do mundo, mas continua um anão político; ficou famoso o caso do aeroporto palestiniano que os europeus pagaram e o Presidente americano inaugurou para a CNN. Além disso, a Europa é um espaço de livre circulação de pessoas, bens e capitais, tendo aprendido da forma mais difícil que esse princípio é incompatível com a existência de 25 políticas de justiça, outra tantas de energia ou de imigração, 25 forças armadas a consumirem recursos sem eficácia, 25 formas de combater o terrorismo. Em Portugal, quando se fala em políticas comuns nestas áreas, surgem argumentos extraordinários, nomeadamente de que isto é contra os Estados Unidos ou que também não temos políticas antiterroristas comuns com a Austrália (confusão com Áustria, que partilha com Portugal um espaço de livre circulação). Sobretudo, é visível que a cooperação entre países já não chega em nenhuma destas áreas, pelo que os tratados terão de ser alterados para permitirem avanços colectivos. Sem mudanças, estaremos indefesos na luta contra grupos terroristas que se movem no espaço europeu. Se nada for feito na defesa, por exemplo, a UE continuará a ser um anão político e não vejo qual seja a vantagem disso. Claro que a defesa comum não visa criar um desafio estratégico aos Estados Unidos, pela simples razão de isso não ser possível ou desejável (seria também demasiado caro). Acima de tudo, o reforço da segurança do seu aliado mais relevante constitui uma óbvia vantagem para Washington.