Uma fraude em forma de filme
Fui ver um filme chamado Syriana. Uma pretensa análise sobre o mundo pós-11 de Setembro, centrada no atribulado labirinto do Médio Oriente. Com os maus do costume: os americanos em geral e os negociantes de petróleo em particular. A habitual história da carochinha, agravada pelo tom pedante e conselheiral da fita, protagonizada por um George Clooney irreconhecível. Há também os bons, claro: são os árabes moderados e reformistas, que acabam liquidados pela camarilha ianque, apostada em perpetuar sine die a cascata da corrupção. Dos israelitas ninguém fala, nem bem nem mal: atitude prudente, não fossem os financiadores judeus da indústria cinematográfica americana fechar a torneira dos dólares.
Syriana indigna-se. Mas é uma indignação selectiva, ardilosa, fraudulenta. Uma mistificação, portanto. Fica o aviso aos incautos: em matéria de demagogia primária travestida de cinema, Michael Moore faz bem melhor. E com a vantagem de gastar menos película: Syriana, monumental chumbada, tem quase três horas de duração. Acreditem em mim: é melhor passar ao largo.