Uma feira de horrores
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E porquê não os prendem? - pergunta-me ingénua a minha enteada.
Depois, de estômago revirado, verificarmos impotentes a África real, com cheiro a terra seca e sangue, muito sangue. Um continente em lancinante sofrimento, pleno de arbitrariedade e dor. Não são efeitos digitais que deformam aquelas mulheres que se alimentam de detritos na lixeira. É só assim que alimentarão um pequenito esqueleto de olhos vidrados que levam às costas. Não são figuras da playstation, aquelas crianças esbugalhadas arrastando uma metralhadora para parte nenhuma. E o bebé, da idade do meu, no meio do deserto a comer ervas secas também não é ficção, é demasiado real.
Vergonhosamente mais de dois mil anos passados sobre o nascimento de Cristo, todos somos cúmplices desta mal contada história diabólica. Permanecemos uns bárbaros. E isso incomoda-me muitíssimo.
Na imagem: criança ugandesa.
Etiquetas: África, Quotidiano