Gosto dele assim abrupto

Uma crónica que ele publicou em Julho de de 1994, no Diário de Notícias, ajuda a explicar o actual estado de espírito deste maître penseur que sempre gostei de ler: "Já há muito tempo que penso que a verdadeira essência do conflito entre jornalistas e políticos se encontra na competição por um bem escasso: o poder de influenciar."
É difícil ser mais transparente.
Já em Janeiro de 1993, também no DN, Pacheco observava, com evidente angústia: "O que se passa hoje é que cada vez mais a comunicação social está a determinar as pessoas, as formas e o modo do exercício do poder político." Se isto se passava antes dos blogues, imagino como se sentirá agora. McLuhan, que ele leu precocemente em 1969, bem avisara em The Medium is the Message: "A tecnologia electrónica está a reformular e a reestruturar os padrões de interdependência social em todos os aspectos da vida quotidiana."
Por mim, continuarei a ler Pacheco Pereira com o mesmo agrado: quanto mais abrupto melhor. E também continuarei a escrever o que me apetecer: sou assim há muito, já é tarde para mudar.
Etiquetas: Nós e os outros