segunda-feira, novembro 05, 2007

Se fosse cá, esta era a última foto deles

É difícil de perceber o que se passa em Portugal com as passagens para peões. Temos os condutores que se transformam em autênticos selvagens quando um peão inicia a travessia e fazem questão de lhe razar os pés, com acelerações para mostar o desagrado pela demora. Temos condutores que acham que podem ir avançando à medida que o peão anda, sem perceber que isso inviabiliza a percepção do condutor de trás de que há pessoas a atravessar. Temos peões que acham que atravessar na passadeira os liberta de obrigações como parar e olhar. Temos peões convencidos de que pisar a passadeira acciona um mecanismo que leva os carros a ficaram estáticos naquele preciso instante. E temos passadeiras homicidas qualificadas: colocadas a seguir a curvas, em lugares sem visibilidade, com as riscas brancas quase apagadas e as placas tapadas, que dão para muros, sem passeios... E as piores de todas: colocadas a seguir a entroncamentos que obrigam a ceder prioridade aos que chegam do lado aposto ao da passadeira. Ou seja, entra-se no entrocamento olhando para a direita e avançando quando não vem nenhum carro e cá está ela, a passadeira, só visível quando começamos a virar a cabeça para a esquerda e já a estamos a percorrer.
Há muitos anos que me interrogo sobre este mistério: quem são as pessoas que decidem os locais das passadeiras? Têm carta, ao menos? Vão aos locais ou só olham para riscos num papel? Quantas mortes são precisas para resolver uma coisa tão simples como estabelecer critérios para a localização das passadeiras, zelar pela sua manutenção e responsabilizar os organismos, os serviços, as pessoas pelo cumprimento das regras de segurança?