Este ditador vem a Lisboa (3)
Teodoro Obiang Nguema.
Presidente da Guiné Equatorial desde 1979. Tem 66 anos.
A antiga colónia espanhola, que se tornou independente em 1968, tem sido governada em família: o anterior ditador, Francisco Macias Nguema, governou com mão de ferro até ter sido deposto pelo sobrinho, que desde então se mantém no poder em Malabo. Para que não restassem dúvidas sobre quem mandava, decidiu executar o tio. Perseguiu adversários políticos, autorizou a tortura e instalou um dos mais corruptos aparelhos de Estado de toda a África. Segundo a revista Forbes, é o oitavo governante mais rico do mundo, com uma fortuna avaliada em 600 milhões de dólares.
Em 1992, pressionado pela comunidade internacional, anunciou a instauração da "democracia" no país. Mas todos os escrutínios foram desde então manchados por enormes fraudes eleitorais. A vitória, evidentemente, cabe sempre ao Partido "Democrático", do ditador, que controla 98 dos 100 lugares do "parlamento" e se habituou a governar por decreto. Em 2002, foi "reeleito" para um novo período de sete anos, com 99,5% dos votos. Segundo a Amnistia Internacional, este país é um dos piores do continente em matéria de violação dos direitos humanos.
A liberdade de imprensa, prometida na Constituição, nunca existiu. Hossanas ao líder são constantes nos relatos jornalísticos, quase na totalidade dependentes do Estado. Há tempos, com o tom mais sério, a rádio oficial anunciou que o ditador estava "em permanente contacto com Deus Todo-Poderoso" e que "pode decidir matar quem quiser sem prestar contas e sem ir parar ao inferno".
Obiang Nguema é um déspota. Portugal prepara-se para recebê-lo com todas as honras.
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