quarta-feira, outubro 24, 2007

João Villalobos, farmacêutico


O Governo quer privilegiar os portugueses não farmacêuticos como eu na abertura de novas farmácias. Hoje de manhã, só no meu bairro, já o senhor Zé e o senhor João se preparavam para encerrar respectivamente cafezinho e talho, deslumbrados por esta verdadeira corrida ao ouro. Em lugar de picaretas tinham consigo o Prontuário Terapêutico, o qual liam com verdadeira sofreguidão autodidacta.
Outrora, em tempos que já não voltam (chuif), tive uma namorada farmacêutica. Amorosa rapariga de grandes olhos negros, andava sempre com os bolsos cheios de notas de mil e nunca me deixava sacar da carteira, nessa altura da minha vida sempre vazia. Sei que isto pode parecer mal, dito assim, mas não passava de um sincera demonstração de cuidado com o meu bem estar, em especial quanto à alimentação. Desde essa altura, fiquei com a ideia - muito impressionista concedo - que se ganhava assim perto de balúrdios tendo uma farmácia. Não distingo um antibiótico de um ansiolítico mas estou a considerar seriamente associar-me ao senhor João, sagaz talhante, e abalançar-me ao negócio. Ou isso ou um casino ilegal. Lucro fácil, vinde a mim.

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