Quem tem medo do referendo?
Dei ontem uma palestra sobre a nossa rentrée política no Grémio Literário, a convite do Instituto para la Promoción y Desarrollo de América Latina, e imaginem qual foi a questão que mais vezes me foi colocada pelos embaixadores presentes. Qual é afinal a razão para os principais responsáveis políticos de Portugal não quererem fazer um referendo ao Tratado de Lisboa? Pelo menos, a embaixadora do Peru e o embaixador do Uruguai não se deixaram convencer com os meus argumentos. Disse-lhes que sempre se poupava tempo e que o País - que resolveu o monumental impasse institucional em que a União Europeia se encontrava - sempre dava um bom exemplo ao optar pela via da ratificação parlamentar a outros estados que pudessem ter em mãos casos mais problemáticos. Um antigo chefe de gabinete de um ex-primeiro-ministro é que não foi de modas: confidenciou-me que lhe parecia que as questões europeias dantes era tratadas com outra dignidade e não "à pressa" e como se de um "jogo de futebol" se tratasse. Argumentava esta figura que os líderes políticos da UE podiam ter lutado por um tratado melhor se não estivessem tão obcecados com a vontade de fechar tudo neste semestre. Como se o mundo, ou a Europa, acabasse em Dezembro. De facto, não acaba.