Do populismo: estilo e substância
Caro Paulo,
Nunca disse, até porque isso seria faltar à verdade, que Marques Mendes é mais populista que Luís Filipe Menezes. O que disse é bem diferente: Mendes, ao contrário de Menezes, tem a estrita obrigação de evitar flirts com o populismo. Pela simples razão de que o actual presidente do PSD fez do antipopulismo a grande imagem de marca do seu mandato e quase uma condição sine qua non para assumir funções na São Caetano. Daí os elogios que justamente lhe foram tributados quando promoveu candidaturas alternativas a Valentim Loureiro em Gondomar e Isaltino Morais em Oeiras. Afinal, sabe-se agora, o antipopulismo de Mendes termina quando aterra no aeroporto de Santa Catarina. A sua aparição no palco do Chão da Lagoa, por razões de estrito calculismo político, pulveriza os salutares princípios que antes apregoou. Não se pode criticar no continente o que se aplaude na Madeira, pretendendo manter incólume a credibilidade política enquanto se viaja de lá para cá.