Lá vai Lisboa
O PS ganhou e ganhou bem. Sem a maioria absoluta que António Costa pediu ao longo de várias semanas, é certo, mas com o maior resultado do partido sem coligações em 31 anos. O facto de ter seis e não sete vereadores, como as sondagens mais optimistas pareciam atribuir, é que vai tornar o equilíbrio altamente instável, ainda para mais com uma Assembleia Municipal dominada pelo PSD. Costa precisa de ir buscar três vereadores para fazer a maioria, pelo que Helena Roseta (que conseguiu dois) não é solução. Só se estiver acompanhada por Ruben de Carvalho (CDU), que tem outros dois vereadores. O acordo que muitos dizem existir com Carmona Rodrigues, que elegeu três vereadores, parece-me pouco plausível. Talvez em várias matérias Costa se vire para o independente, só que o acordo não será mais que isso.
Até porque Carmona Rodrigues teve um resultado que pode potenciar nestes dois anos, se souber gerir os seus impulsos e fizer uma caminhada inteligente, Em 2009, no pós-Marques Mendes, poderá mesmo ser o candidato natural do PSD e constituir um perigo para Costa e o PS.
Fernando Negrão e o PSD conseguem três vereadores e o pior resultado de sempre em Lisboa (pior que Macário Correia). O partido perde a Câmara de Lisboa, entrega-a ao PS e perde cinco mandatos no executivo. Negrão, é preciso dizê-lo, fez uma campanha esforçada, embora muito marcada pela falta de conhecimento dos "dossiers". Foi praticamente lançado às feras por esta direcção do PSD, que ainda por cima se absteve de o ajudar e de aparecer em campanha. É triste.
Marques Mendes, ao antecipar as directas para a liderança do partido, julga estar a ter uma jogada de mestre, quando tudo não passa de mais um golpe de algibeira para tentar eternizar-se à frente do PSD. Com o partido controlado administrativamente através dos "pins" para o pagamento de quotas, Mendes julga ser impossível ser afastado do poder interno, que na verdade, e ao contrário do que o próprio diz, é a única coisa que o move. A única garantia de haver eleições livres e genuínas no PSD é se todos os militantes puderem votar, independentemente de terem ou não as quotas pagas por multibanco num acto de vulgar caciquismo. Ou então Mendes deve revelar a quem se apresente a jogo os "pins" e números de militante aos seus adversários internos, sejam eles Luís Filipe Menezes, José Pedro Aguiar-Branco ou Nuno Morais Sarmento.
No CDS, Telmo Correia esteve bem ao reconhecer a enorme derrota que o partido teve em Lisboa, ao não conseguir eleger sequer um vereador. Um partido que há não muitos anos deteve a presidência da CML com o saudoso Nuno Krus Abecasis. Já Paulo Portas apenas convocou um Conselho Nacional para reflexão, ignorando que na Madeira e agora em Lisboa se provou que a sua reencarnação como lider do CDS não irá correr bem. Nunca se deve voltar a um lugar onde já se foi feliz. Portas só não tem a liderança em perigo porque o CDS na realidade já não existe como partido, tratando-se agora de uma pequena agremiação "portista", onde se discute mais o tom das gravatas e os berloques dos sapatos do que se faz política. Aquela gente prefere tentar copiar Portas do que servir o País. Não irão longe.
Manuel Monteiro, ao ter um resultado abaixo do PNR de Pinto-Coelho, deveria também decretar a extinção do PND. O teatro que garantiu um deputado na Madeira não pegou em Lisboa, pelo que se prova que a malta de direita, por cá, gosta pouco de folclore. O PPM, com um fadista marialva completamente vazio, mostrou que os monárquicos estão fora daquele partido e que devem encontrar formas de ser organizarem fora deste sistema que não os compreende. Antes de mais, devem procurar a proximidade com a sociedade civil e não com um sistema que se está a revelar caduco e a necessitar de uma urgente revitalização. Os resultados de Carmona, de Roseta e o de Alegre nas presidenciais são sinais disso. Da vontade de muitos, à direita e à esquerda, quererem novas formas de intervenção política.
Uma abstenção como a que ontem se revelou é um péssimo sintoma para a democracia. Mais que um afastamento dos cidadãos com a política, é uma doença do sistema que tem que ser atacada.
Até porque Carmona Rodrigues teve um resultado que pode potenciar nestes dois anos, se souber gerir os seus impulsos e fizer uma caminhada inteligente, Em 2009, no pós-Marques Mendes, poderá mesmo ser o candidato natural do PSD e constituir um perigo para Costa e o PS.
Fernando Negrão e o PSD conseguem três vereadores e o pior resultado de sempre em Lisboa (pior que Macário Correia). O partido perde a Câmara de Lisboa, entrega-a ao PS e perde cinco mandatos no executivo. Negrão, é preciso dizê-lo, fez uma campanha esforçada, embora muito marcada pela falta de conhecimento dos "dossiers". Foi praticamente lançado às feras por esta direcção do PSD, que ainda por cima se absteve de o ajudar e de aparecer em campanha. É triste.
Marques Mendes, ao antecipar as directas para a liderança do partido, julga estar a ter uma jogada de mestre, quando tudo não passa de mais um golpe de algibeira para tentar eternizar-se à frente do PSD. Com o partido controlado administrativamente através dos "pins" para o pagamento de quotas, Mendes julga ser impossível ser afastado do poder interno, que na verdade, e ao contrário do que o próprio diz, é a única coisa que o move. A única garantia de haver eleições livres e genuínas no PSD é se todos os militantes puderem votar, independentemente de terem ou não as quotas pagas por multibanco num acto de vulgar caciquismo. Ou então Mendes deve revelar a quem se apresente a jogo os "pins" e números de militante aos seus adversários internos, sejam eles Luís Filipe Menezes, José Pedro Aguiar-Branco ou Nuno Morais Sarmento.
No CDS, Telmo Correia esteve bem ao reconhecer a enorme derrota que o partido teve em Lisboa, ao não conseguir eleger sequer um vereador. Um partido que há não muitos anos deteve a presidência da CML com o saudoso Nuno Krus Abecasis. Já Paulo Portas apenas convocou um Conselho Nacional para reflexão, ignorando que na Madeira e agora em Lisboa se provou que a sua reencarnação como lider do CDS não irá correr bem. Nunca se deve voltar a um lugar onde já se foi feliz. Portas só não tem a liderança em perigo porque o CDS na realidade já não existe como partido, tratando-se agora de uma pequena agremiação "portista", onde se discute mais o tom das gravatas e os berloques dos sapatos do que se faz política. Aquela gente prefere tentar copiar Portas do que servir o País. Não irão longe.
Manuel Monteiro, ao ter um resultado abaixo do PNR de Pinto-Coelho, deveria também decretar a extinção do PND. O teatro que garantiu um deputado na Madeira não pegou em Lisboa, pelo que se prova que a malta de direita, por cá, gosta pouco de folclore. O PPM, com um fadista marialva completamente vazio, mostrou que os monárquicos estão fora daquele partido e que devem encontrar formas de ser organizarem fora deste sistema que não os compreende. Antes de mais, devem procurar a proximidade com a sociedade civil e não com um sistema que se está a revelar caduco e a necessitar de uma urgente revitalização. Os resultados de Carmona, de Roseta e o de Alegre nas presidenciais são sinais disso. Da vontade de muitos, à direita e à esquerda, quererem novas formas de intervenção política.
Uma abstenção como a que ontem se revelou é um péssimo sintoma para a democracia. Mais que um afastamento dos cidadãos com a política, é uma doença do sistema que tem que ser atacada.