quarta-feira, julho 11, 2007

Assuntos internos

Se alguma vez nós, jornalistas, nos dedicarmos a assinalar o ponto negro da profissão, não tenho dúvidas de que será o Processo Casa Pia. Olhando para trás - e tentando ignorar o ruído causado pelas fontes da investigação, fontes da justiça, fontes políticas e as antigamente chamadas fontes bem informadas - a lama das notícias da Casa Pia atingiu todo o tipo de gente. Jogadores de futebol, deputados, actores, ministros, médicos, apresentadores de televisão e até o Presidente da República foram alvos das notícias das televisões e dos jornais sobre o caso. Se alguma vez a Justiça condenar todas as pessoas que, directa ou indirectamente, foram atingidas, chamem o Oliver Stone para realizar o país.
As nossas convicções pessoais e o desfecho dos casos na Justiça são irrelevantes para esta reflexão. Julgo que teremos que admitir que alguma coisa correu mal.
O processo Casa Pia deve ser o ponto de partida para pensarmos nas regras que nos devem reger e nos limites que temos que nos impor. Não tenho dúvidas de que o novo Estatuto dos Jornalistas é a resposta inevitável do sistema aos excessos do caso Casa Pia. Já tenho dúvidas sobre a resposta dos jornalistas: considerar que está em causa a liberdade de informar e avançar com a auto-regulação, ou participar na discussão dos limites e das regras para evitar que esteja em causa a liberdade de informar? Pergunto.