Falta de mando
Luís Marques Mendes ontem falou bem. Os princípios que enunciou são os correctos. Mas falou tarde. Acredito que o líder do PSD, ao dizer que tinha outras opções em cima da mesa, estava a ser genuíno. Só que não deixará de ser afectado por esta crise. A menos que aconteça algum cataclismo à esquerda, o PSD perderá estas eleições intercalares, se calhar até propositadamente.
Não deixei de notar que Marques Mendes falou na dívida da CML, chegando ao ponto de dizer que a situação é insustentável. Agora quererá passar o ónus para o PS. Provavelmente, assistiremos até a uma prática inédita em democracia: PS e PSD vão tentar arranjar os candidatos mais fracos que conseguirem. Por isso, Paula Teixeira da Cruz não quer ser candidata. Ela sabe melhor que ninguém que estes dois anos e meio de mandato, com uma autarquia de rastos, constituem um autêntico suicídio político. Paula Teixeira da Cruz não dá ponto sem nó. Se fizer a coisa bem feita, a líder da distrital de Lisboa do PSD pode até suceder a Marques Mendes na liderança do partido. Controla a maior distrital do País, irá indicar vários deputados para as listas das próximas legislativas, para além do seu próprio nome, e irá continuar à frente da Assembleia Municipal de Lisboa. Este órgão poderá ser, nos dois anos e tal que aí vêm, o único sustentáculo sólido e credível na CML. Disto tudo resulta a sua contenção, a sua indisponibilidade e o facto de estar tão reticente quanto a uma candidatura.
Neste filme todo, uma coisa causa-me alguma impressão: o total descartar de responsabilidades da parte do líder do PSD em todo este processo. A Mendes, é certo, vai-lhe ser assacada uma derrota eleitoral, perderá a câmara mais importante do País, embora possa sempre dizer que salvou a honra e os princípios do PSD. E o problema, está provado, remete-nos para a escolha dos candidatos que Mendes apresentou em Lisboa há dois anos. Não falo de António Pedro Carmona Rodrigues, que continuo a ter como um homem sério e bem formado, mas sim de todos os outros que integraram as listas do PSD. Na altura, foi notícia que o próprio Carmona não compreendia bem aquele corrupio de nomes que vinham do aparelho do partido. Do lado de Mendes a imposição de Carlos Miguel Fontão de Carvalho, um homem que tinha trabalhado com João Soares, também não foi bem recebida. Isso revelou falta de mando do líder do PSD, ao deixar que a distrital e um independente lhe condicionassem as escolhas. A verdade é que Marques Mendes estava mais interessado em afastar Pedro Santana Lopes e os seus acólitos, perdendo o norte em relação ao que é essencial. E, em política, não se deve dar muita atenção ao que é acessório. Essencial era naquele momento fazer listas credíveis, não era perseguir adversários internos, eternizando a luta interna de facções no PSD.
Não deixei de notar que Marques Mendes falou na dívida da CML, chegando ao ponto de dizer que a situação é insustentável. Agora quererá passar o ónus para o PS. Provavelmente, assistiremos até a uma prática inédita em democracia: PS e PSD vão tentar arranjar os candidatos mais fracos que conseguirem. Por isso, Paula Teixeira da Cruz não quer ser candidata. Ela sabe melhor que ninguém que estes dois anos e meio de mandato, com uma autarquia de rastos, constituem um autêntico suicídio político. Paula Teixeira da Cruz não dá ponto sem nó. Se fizer a coisa bem feita, a líder da distrital de Lisboa do PSD pode até suceder a Marques Mendes na liderança do partido. Controla a maior distrital do País, irá indicar vários deputados para as listas das próximas legislativas, para além do seu próprio nome, e irá continuar à frente da Assembleia Municipal de Lisboa. Este órgão poderá ser, nos dois anos e tal que aí vêm, o único sustentáculo sólido e credível na CML. Disto tudo resulta a sua contenção, a sua indisponibilidade e o facto de estar tão reticente quanto a uma candidatura.
Neste filme todo, uma coisa causa-me alguma impressão: o total descartar de responsabilidades da parte do líder do PSD em todo este processo. A Mendes, é certo, vai-lhe ser assacada uma derrota eleitoral, perderá a câmara mais importante do País, embora possa sempre dizer que salvou a honra e os princípios do PSD. E o problema, está provado, remete-nos para a escolha dos candidatos que Mendes apresentou em Lisboa há dois anos. Não falo de António Pedro Carmona Rodrigues, que continuo a ter como um homem sério e bem formado, mas sim de todos os outros que integraram as listas do PSD. Na altura, foi notícia que o próprio Carmona não compreendia bem aquele corrupio de nomes que vinham do aparelho do partido. Do lado de Mendes a imposição de Carlos Miguel Fontão de Carvalho, um homem que tinha trabalhado com João Soares, também não foi bem recebida. Isso revelou falta de mando do líder do PSD, ao deixar que a distrital e um independente lhe condicionassem as escolhas. A verdade é que Marques Mendes estava mais interessado em afastar Pedro Santana Lopes e os seus acólitos, perdendo o norte em relação ao que é essencial. E, em política, não se deve dar muita atenção ao que é acessório. Essencial era naquele momento fazer listas credíveis, não era perseguir adversários internos, eternizando a luta interna de facções no PSD.