Portas e os seus novos ídolos: Copiar é feio
É a segunda vez que Paulo Portas o diz. À primeira ainda dei o benefício da dúvida, para ver se alguém de bom senso explicava aquilo melhor de tão ridículo me pareceu. Como isso não aconteceu, achei por bem explicar que isto que vem aqui escrito não faz sentido nenhum. Por muito que o dr. Portas faça o seu marketing político de trazer por casa, ninguém no seu perfeito juízo vai engolir essa de o novo CDS vir a ser construído à imagem e semelhança da UMP de Nicolas Sarkozy ou dos Tories de David Cameron.
E porquê? Desde logo porque os dois partidos de que fala o dr. Portas em história, tamanho e importância não terem nada a ver com o seu revisitado CDS. A UMP (União para uma Maioria Presidencial) é uma renovação/transfiguração do RPR (Rassemblement pour la République) de Chirac, partido poder de sempre em França, que por seu vez já era uma evolução depurada do gaullismo - que conheceu várias formas desde o original Rassemblement du peuple français (RPF) do general De Gaulle. O Partido Conservador inglês remonta aos finais do séc. XVII e, até era escusado dizer, é dos partidos a nível mundial que mais pergaminhos tem na governação, na defesa da democracia parlamentar e no sedimentar dos ideais justos na Europa e no Mundo. Na primeira versão, o dr. Portas não se cansou de garantir que era um fiel admirador de Winston Churchill e de De Gaulle com três ou quatro décadas de atraso. Na segunda, só fala em "Sarko" e Cameron, com cinco ou seis anos de décalage e já depois de ter passado pelo Governo com responsabilidades e sem seguir nenhum dos modelos passados ou presentes.
Uma coisa é o dr. Portas andar muito excitado com a vitória do brilhante Sarkozy em França e com a iminência da derrota de Gordon Brown aos pés do Vote Blue, Go Green de Cameron, outra é querer revelar alguma semelhança, por mais leve que seja, com estes dois grandes partidos. Pode custar muito ao dr. Portas ouvir algumas verdades, mas o CDS não passa hoje de um partido marginal do sistema político, sem qualquer representação autárquica ou influência no aparelho do Estado. É um partido que não aspira a ser mais do que muleta do partido que ganhar as legislativas seguintes, desde que esteja disposto a sentar uns quantos supostos democratas-cristãos para comer à mesa do Orçamento.
A UMP e o Conservative Party são dois enormes partidos, enraízados nas respectivas sociedades, com grandes estruturas, com dirigentes locais reconhecidos, com quadros bem formados. Não são partidos de opereta de um só tenor.
Eu sei que ainda vamos ver o dr. Portas passar de infoexcluído a grande manobrador das novas tecnologias. Eu sei que ainda terá um blogue como Cameron tem, só para responder às questões dos militantes e potenciais eleitores. Eu sei que o dr. Guedes ainda irá aparecer como o grande defensor do Ambiente, como "excepcional" ex-ministro que foi. Eu sei que o dr. Portas ainda vai aparecer nos bairros problemáticos, como a Cova da Moura, sem gravata a dar-se ares de Sarkozy à portuguesa. Eu sei que até é capaz de aparecer por aí todo desportivo (quem sabe até montado a cavalo?), tal como o novo presidente francês. Mas tudo irá soar a déjà vu. Não basta recauchutar os pneus do velho CDS para aquela carripana de repente passar a andar bem. É preciso ter ideias novas, não basta copiar o que está feito. É preciso ter alguma noção de portugalidade. E para fazer alguma coisa a partir do que já existe, era bem mais inteligente fazê-lo em alguma coisita que conte, que tenha peso. Que chegue lá.
E porquê? Desde logo porque os dois partidos de que fala o dr. Portas em história, tamanho e importância não terem nada a ver com o seu revisitado CDS. A UMP (União para uma Maioria Presidencial) é uma renovação/transfiguração do RPR (Rassemblement pour la République) de Chirac, partido poder de sempre em França, que por seu vez já era uma evolução depurada do gaullismo - que conheceu várias formas desde o original Rassemblement du peuple français (RPF) do general De Gaulle. O Partido Conservador inglês remonta aos finais do séc. XVII e, até era escusado dizer, é dos partidos a nível mundial que mais pergaminhos tem na governação, na defesa da democracia parlamentar e no sedimentar dos ideais justos na Europa e no Mundo. Na primeira versão, o dr. Portas não se cansou de garantir que era um fiel admirador de Winston Churchill e de De Gaulle com três ou quatro décadas de atraso. Na segunda, só fala em "Sarko" e Cameron, com cinco ou seis anos de décalage e já depois de ter passado pelo Governo com responsabilidades e sem seguir nenhum dos modelos passados ou presentes.
Uma coisa é o dr. Portas andar muito excitado com a vitória do brilhante Sarkozy em França e com a iminência da derrota de Gordon Brown aos pés do Vote Blue, Go Green de Cameron, outra é querer revelar alguma semelhança, por mais leve que seja, com estes dois grandes partidos. Pode custar muito ao dr. Portas ouvir algumas verdades, mas o CDS não passa hoje de um partido marginal do sistema político, sem qualquer representação autárquica ou influência no aparelho do Estado. É um partido que não aspira a ser mais do que muleta do partido que ganhar as legislativas seguintes, desde que esteja disposto a sentar uns quantos supostos democratas-cristãos para comer à mesa do Orçamento.
A UMP e o Conservative Party são dois enormes partidos, enraízados nas respectivas sociedades, com grandes estruturas, com dirigentes locais reconhecidos, com quadros bem formados. Não são partidos de opereta de um só tenor.
Eu sei que ainda vamos ver o dr. Portas passar de infoexcluído a grande manobrador das novas tecnologias. Eu sei que ainda terá um blogue como Cameron tem, só para responder às questões dos militantes e potenciais eleitores. Eu sei que o dr. Guedes ainda irá aparecer como o grande defensor do Ambiente, como "excepcional" ex-ministro que foi. Eu sei que o dr. Portas ainda vai aparecer nos bairros problemáticos, como a Cova da Moura, sem gravata a dar-se ares de Sarkozy à portuguesa. Eu sei que até é capaz de aparecer por aí todo desportivo (quem sabe até montado a cavalo?), tal como o novo presidente francês. Mas tudo irá soar a déjà vu. Não basta recauchutar os pneus do velho CDS para aquela carripana de repente passar a andar bem. É preciso ter ideias novas, não basta copiar o que está feito. É preciso ter alguma noção de portugalidade. E para fazer alguma coisa a partir do que já existe, era bem mais inteligente fazê-lo em alguma coisita que conte, que tenha peso. Que chegue lá.