quarta-feira, maio 16, 2007

Para o João Queiroz

Há muitos anos, numa das minhas mudanças de casa, um amigo apiedou-se das paredes nuas do meu T1 e ofereceu-me um quadro, um original pintado por um seu amigo de infância. Era um perfil severo e pencudo, traçado em fundo azul. "Espinoza", anunciou o meu amigo. Ao autor, João Queiroz, previa um bom futuro.
O enigmático perfil de Espinoza passou a acompanhar-me para todo o lado e a ocupar um lugar de destaque em todas as minhas casas de tal forma que, quando começaram a falar, os meus filhos peguntaram se era o pai, julgo que induzidos em erro pelo excessivo nariz de ambos.
Recentemente, em nova mudança de casa, retirei mais uma vez o Espinoza da parede para ser embrulhado e transportado. E só nesse momento reparei nas letras pequenas, traçadas a faca no fundo azul: Wttg.

João Queiroz,
Vi hoje no jornal que tem uma exposição no espaço Tranquilidade do Chiado. Segundo li, são paisagens. Quando fizer uma exposição de retratos, o Wittgenstein está comigo.