O fim da era Mendes
A escolha de Fernando Negrão como candidato do PSD nas eleições intercalares à Câmara Municipal de Lisboa pode ser o princípio do fim da era de Luís Marques Mendes à frente do partido. Tendo contribuído de forma decisiva para a queda de Carmona Rodrigues, o facto de Mendes não ter conseguido seduzir ninguém para a batalha em Lisboa contra António Costa é um péssimo sinal. Revelou que está sozinho ou, no limite, muito mal acompanhado. Perante o rol de recusas que recebeu, Mendes deveria ter dado o exemplo. Era candidato. Como responsável máximo pela situação e pela gestão caótica do dossier, deveria ter-se chegado à frente. E ele próprio seria um candidato muito mais forte contra António Costa do que Negrão. Mendes teria tido francas hipóteses de ganhar: com a esquerda dividida e Carmona Rodrigues indeciso quanto a uma candidatura independente, o líder do PSD mostrava os dentes aos seus adversários internos e provavelmente arrumava a questão das directas de 2008. Teve receio, não teve coragem. Os grandes políticos vêem-se sobretudo nestes momentos.