Em jeito de homenagem
Agora que se cumpre o centenário do nascimento de Hergé, não queria deixar de agradecer-lhe (onde quer que esteja) por tudo aquilo que me deu. No meu quinto aniversário, eu e os amigos tivemos direito a um visionamento de «Tintim e o Templo do Sol» no cinema Dicca, em Lourenço Marques. Nunca esqueci a primeira vez em que os desenhos ganharam para mim movimento e o eclipse do Sol salvou a vida dos meus heróis, ou a bola de fogo transportando a múmia de Rascar Capac. Os álbuns (ainda em capa dura com chancela da Casterman) já eu coleccionava e seguia apaixonadamente as aventuras do repórter do Petit Vingtiéme. Um repórter que não escrevia uma linha, valha a verdade, mas isso nada retirava ao interesse das suas aventuras.
Algures depois do 25 de Abril, comecei a coleccionar as revistas editadas pelo Vasco Granja - com uma constante simpatia e disponibilidade - e Diniz Machado. Eu e muitos outros que hoje conheço e cujas cartas ainda me fazem sorrir ao ler a rubrica «Tintim responde». Também havia lá por casa números da Papagaio, onde como bem lembra o Público de hoje Tintim nos surgia aportuguesado e com a cadela Milú transformada em cão Rom-Rom. Um abraço a Hergé pois. E o meu agradecimento pelos momentos de felicidade que trazia cada novo álbum, sentidos desde o gesto que seguia com a ponta dos dedos a costura da capa, adiando até não ser mais possível o momento de os abrir e viajar.