Desafio inevitável, sem batota política
Paula Teixeira da Cruz terá de ser a candidata do PSD à Câmara Municipal de Lisboa. Não pode refugiar-se nas funções que desempenha como presidente da Assembleia Municipal para virar costas ao desafio - um dos mais difíceis da história autárquica do partido laranja. Esta Assembleia Municipal, eleita para cumprir o mesmo programa eleitoral que o executivo de Carmona Rodrigues, perdeu legitimidade política: terá também de submeter-se a votos nas eleições intercalares destinadas a eleger a nova câmara. Seria pura batota política manter os deputados municipais em funções enquanto se renova o elenco do executivo camarário. Não consigo imaginar Paula Teixeira da Cruz a pactuar com esta batota: ela sabe que isso iria manchar uma notável carreira que já a levou à vice-presidência do PSD e à presidência da distrital de Lisboa do partido. Carmona Rodrigues suicidou-se politicamente, na patética conferência de imprensa de ontem, ao manter-se agarrado ao cargo de presidente da câmara. Teixeira da Cruz, que tem legítimas ambições políticas, não cometerá o mesmo erro. E certamente será a primeira a considerar que não faz sentido eleger um novo presidente da câmara e uma nova equipa de vereadores sem eleger no mesmo dia a nova Assembleia Municipal, que aprova o orçamento camarário. Tal como não faz sentido recusar encabeçar a lista laranja à câmara alfacinha, agora que o desafio é muito difícil. Ela é neste momento a única social-democrata em condições de ganhar com isso. Mesmo que perca.