O caminho
Sem repararmos, a tinta das paredes da nossa casa, há anos escolhida a preceito num catálogo de infinitas tonalidades, empalidece todos os dias. Os sofás, um dia estreados novos e reluzentes, num enxoval de expectativas, perderam o brilho. A torneira que de novo pinga e não veda. E o tapete turco qualquer dia também já vai a restaurar. Na caixa das memórias, as fotografias perdem cor, os papéis de pensamentos e antigos sentimentos, as cartas e os velhos postais, ganham tons de pergaminho. Significativos capítulos desta mesma, mas já antiga, história. O tempo, cego, tudo desagrega e corrompe.
Habituamo-nos a festejar os aniversários dos miúdos todos os anos, sem contar que a vida passa, sem pausarmos o filme por uns momentos. Para memorizarmos definitivamente aquela pele imaculada e aqueles olhos fundos e tão grandes, brilhantes de surpresa, tão cheios como toda a nossa vida. Os tempos passam marcados pelos rituais, com tantas conversas banais, novos projectos, trabalhos e tantas estações. Com roupas de Verão e roupas de Inverno. Mas ressuscitámos sempre o amor, ainda mais quando o frio apertava. Fazendo das misérias as fortalezas, para nunca morrermos nem um bocadinho. Sempre atentos juntando os pedaços, a compor e recompor o mesmo amor. Avidamente, juntando os sons e as harmonias, moldando uma obra divinal. Sem nunca desistir daquela nossa utopia de vencermos o tempo e o mal. Sem nunca desistirmos de ser gente feliz e maior.
Habituamo-nos a festejar os aniversários dos miúdos todos os anos, sem contar que a vida passa, sem pausarmos o filme por uns momentos. Para memorizarmos definitivamente aquela pele imaculada e aqueles olhos fundos e tão grandes, brilhantes de surpresa, tão cheios como toda a nossa vida. Os tempos passam marcados pelos rituais, com tantas conversas banais, novos projectos, trabalhos e tantas estações. Com roupas de Verão e roupas de Inverno. Mas ressuscitámos sempre o amor, ainda mais quando o frio apertava. Fazendo das misérias as fortalezas, para nunca morrermos nem um bocadinho. Sempre atentos juntando os pedaços, a compor e recompor o mesmo amor. Avidamente, juntando os sons e as harmonias, moldando uma obra divinal. Sem nunca desistir daquela nossa utopia de vencermos o tempo e o mal. Sem nunca desistirmos de ser gente feliz e maior.
Etiquetas: Crónicas