quinta-feira, março 01, 2007

Uma família inglesa


«O que vemos bem – e com que pavor o devem ver todos os que têem filhos! – é que hoje está rareando cada vez mais em toda a parte aquelle sentimento de tranquilidade, aquelle ideal de vida serena e modesta, de que os livros eram a mais dôce e fiel companhia.
O meu ideal de vida seria o de tantas famílias inglesas que existem, instruídas, unidas, interessantes e abastadas de bens de fortuna.
O homem occupa-se de cultura, de caça, de negocios de seu Condado, isto durante o dia; as filhas ensinam as creanças, criam e inventam para o povo trabalhos que lhes proporcionem o sustento e deem algum conforto ao pequenino cottage asseiado e florido. Há um club creado por ellas, onde se cultiva um pouco o espirito pelas leituras e pelas musicas simples; em que se ensina ás raparigas os trabalhos proprios de as fazerem mais tarde boas donas da sua modesta casa. Os rapazes estão em Eton, ou em Cambridge, ou em Oxford; ou na India, empregados, ou na Africa, batalhando.
A’vezes o pae está na Camara durante o tempo das sessões,
A noite na bela library em que um enorme tronco arde na chaminé, em torno de uma grande mesa, todos leem sentados em poltronas, que só por si suggerem conforto, repouso, quietação». As Nossas Filhas – Cartas ás mães. Maria Amália Vaz de Carvalho, 1904.