Um vendaval à direita
Paulo Portas anunciou que tenciona regressar à liderança do CDS. Mas quem deve receá-lo não é Ribeiro e Castro: o ainda líder do partido limitou-se a assegurar um período de transição entre Portas I e Portas II, acautelando o lugar no Parlamento Europeu a que nunca renunciou, como se soubesse de antemão o que o esperava. Em Bruxelas nunca deixou de estar, em Bruxelas permanecerá depois de ceder a batuta a Portas. Quem mais deve recear este virar de página no CDS é o líder do PSD. Marques Mendes sabe que, a partir de agora, tudo será bem diferente à direita. Acabaram os "pactos", inspirados ou não por Belém, e chegou o tempo da ruptura. Com mil piscadelas de olho mediáticas e uma ânsia de poder inigualável, Portas promete ser com Sócrates o que o agora apagado Francisco Louçã foi com Durão Barroso e Santana Lopes: um factor quotidiano de desgaste. Há quem diga que a oposição deve ser dialogante e engomadinha e bem comportada: a persistente subida de Sócrates nas sondagens demonstra o tremendo equívoco de se pensar assim. Portas, perseguindo o sonho de federar as direitas, sabe bem que este é o momento indicado para pôr tal desígnio em marcha. Mas ou muito me engano ou não tardará a levar troco do PSD. E não será Marques Mendes a dá-lo: nas fileiras sociais-democratas tudo a partir de agora começará a mexer também. A política tem horror ao vácuo. E vácuo é o que menos falta hoje na direita portuguesa.