Tanatos e Eros
Hoje é o Dia Internacional da Mulher e comemoram-se os 30 anos da Companhia Nacional de Bailado. Para mim, no entanto e até decidir escrever sobre o primeiro tema - já que o segundo não é «a minha praia» - o assunto mais importante do dia são as alheiras.
O Público ocupa uma das suas páginas com um artigo (muito bem escrito aliás) da Rita Sousa. Um grupo de «cientistas portuguesas» (mulheres, entenda-se) revela que «a qualidade microbiológica das alheiras portuguesas pode ser considerada preocupante em termos de segurança alimentar». Julgo que as mulheres ainda não entenderam que há certas coisas que os homens preferem ignorar. São muitas, devo dizê-lo. E a «qualidade microbiológica» daquilo que ingerem é definitivamente uma delas. Homem que é homem não quer saber da ASAE, se o azeite vem em garrafinhas seladas ou não, e se a sandes de courato foi aprovada pelos laboratórios competentes. Nenhum ser do sexo masculino, em são juízo e na posse de todas as faculdades, espera de uma alheira que esteja microbiologicamente saudável ou lhe faça bem de qualquer espécie. Dito isto, nem eu sou tão chauvinista ao ponto de não admitir que há mulheres que apreciam alheiras de caça. São seres que me despertam amor. Mas falta-lhes sempre o fascínio e a pulsão de morte, o apelo pelo tanatos alimentar. Uma delas chegou ao ponto de oferecer-me um fiambre alemão de produção biológica. Faleceu em cima da mesa da cozinha, ignorado e desprezado. Sem análises, coitado.
O Público ocupa uma das suas páginas com um artigo (muito bem escrito aliás) da Rita Sousa. Um grupo de «cientistas portuguesas» (mulheres, entenda-se) revela que «a qualidade microbiológica das alheiras portuguesas pode ser considerada preocupante em termos de segurança alimentar». Julgo que as mulheres ainda não entenderam que há certas coisas que os homens preferem ignorar. São muitas, devo dizê-lo. E a «qualidade microbiológica» daquilo que ingerem é definitivamente uma delas. Homem que é homem não quer saber da ASAE, se o azeite vem em garrafinhas seladas ou não, e se a sandes de courato foi aprovada pelos laboratórios competentes. Nenhum ser do sexo masculino, em são juízo e na posse de todas as faculdades, espera de uma alheira que esteja microbiologicamente saudável ou lhe faça bem de qualquer espécie. Dito isto, nem eu sou tão chauvinista ao ponto de não admitir que há mulheres que apreciam alheiras de caça. São seres que me despertam amor. Mas falta-lhes sempre o fascínio e a pulsão de morte, o apelo pelo tanatos alimentar. Uma delas chegou ao ponto de oferecer-me um fiambre alemão de produção biológica. Faleceu em cima da mesa da cozinha, ignorado e desprezado. Sem análises, coitado.