Algo mudou
A blogosfera que li nas últimas horas é muito crítica de Paulo Portas, mas parece-me que algo mudou na política portuguesa. O facto de Portas ser candidato à liderança da direita e se assumir desde logo como um chefe da oposição (mesmo antes de ter reconquistado o partido) ilustra a convicção que ele terá de que os próximos dois anos serão penosos para o Governo. É o primeiro sinal: o PS pode não vencer as próximas legislativas.
Isto não é apenas um cálculo frio de político ambicioso, mas pode ser o início de um desafio político consistente. O facto é que hoje, em Lisboa, se viu um dos maiores protestos dos últimos anos, organizado pela Intersindical. O descontentamento de largas faixas da população é já muito evidente.
O Governo não esconde a falta de ímpeto reformista e o recuo na questão das urgências (o aparecimento de tantas excepções) demonstrou que se esgota o discurso da maioria absoluta. Outras reformas estão a esvaziar-se (nos impostos, na lei das rendas) e o nosso capitalismo não é normal, veja-se o caso da PT, onde os pequenos accionistas são objectivamente prejudicados se não houver OPA.
No segundo semestre do ano, com a presidência portuguesa da UE, a governação terá menos oportunidades para acção e para propaganda, pois os ministros estarão envolvidos em constantes reuniões no exterior e haverá preocupação com outros assuntos. Restará 2008.
Do ponto de vista do governo de José Sócrates, o pior cenário é o da economia que se recusa a melhorar. O desemprego cresce perigosamente e, sem aumentos para os trabalhadores, não haverá consumo. (Ninguém acredita que seja o consumo dos ricos a conseguir alimentar a economia). Se em 2008 não houver viragem substancial das condições de vida dos portugueses, o cálculo de Portas terá sido inteiramente certeiro.
Isto não é apenas um cálculo frio de político ambicioso, mas pode ser o início de um desafio político consistente. O facto é que hoje, em Lisboa, se viu um dos maiores protestos dos últimos anos, organizado pela Intersindical. O descontentamento de largas faixas da população é já muito evidente.
O Governo não esconde a falta de ímpeto reformista e o recuo na questão das urgências (o aparecimento de tantas excepções) demonstrou que se esgota o discurso da maioria absoluta. Outras reformas estão a esvaziar-se (nos impostos, na lei das rendas) e o nosso capitalismo não é normal, veja-se o caso da PT, onde os pequenos accionistas são objectivamente prejudicados se não houver OPA.
No segundo semestre do ano, com a presidência portuguesa da UE, a governação terá menos oportunidades para acção e para propaganda, pois os ministros estarão envolvidos em constantes reuniões no exterior e haverá preocupação com outros assuntos. Restará 2008.
Do ponto de vista do governo de José Sócrates, o pior cenário é o da economia que se recusa a melhorar. O desemprego cresce perigosamente e, sem aumentos para os trabalhadores, não haverá consumo. (Ninguém acredita que seja o consumo dos ricos a conseguir alimentar a economia). Se em 2008 não houver viragem substancial das condições de vida dos portugueses, o cálculo de Portas terá sido inteiramente certeiro.