Quanto menos isentos melhor
Vi com atenção a publicidade da TSF aos novos "comentadores" da estação. Quem são? António Vitorino (PS), Pedro Santana Lopes (PSD), Pires de Lima (CDS), Carlos Carvalhas (PCP) e Joana Amaral Dias (Bloco de Esquerda). Nem menos: todos estes "comentadores" fazem gala em exibir o seu partidarismo. Longe vão os dias em que havia um investimento na independência, na isenção: hoje o que está a dar é duplicar nas ondas hertzianas o proselitismo político. O que se espera de Vitorino, Lopes, Lima, Carvalhas e Dias? Que debitem a cartilha dos partidos em que são filiados (dois destes "comentadores" chegaram até a ser líderes dos seus partidos). A era dos analistas que faziam gala em não possuir cartão de militante acabou: o que interessa é o compromisso com os estados-maiores partidários. Uma lógica que começou no futebol, quando irromperam nos ecrãs e nos estúdios radiofónicos os "comentadores de cachecol", com assumidas simpatias clubísticas, e rapidamente alastrou à política. A TSF, que já teve excelentes comentadores (sem aspas), muitos deles oriundos da melhor safra jornalística, contenta-se agora com um naipe de políticos e apregoa-os aos sete ventos. Todos eles com o cachecol do "clube" ao pescoço. Ou com um emblema na lapela, o que vem a dar no mesmo.
Gente descomprometida passou de moda. É um esclarecedor sinal dos tempos.