PSD: a boa moeda e a má moeda
A actual debilidade da oposição à direita ficou bem demonstrada com a recente entrevista de Nuno Morais Sarmento ao DN e à TSF. Uma entrevista em que o ex-ministro de Estado e da Presidência faz múltiplos elogios ao Governo socialista, chegando ao ponto de reconhecer que “a forma de fazer política do engenheiro Sócrates pode permitir que nela se revejam muitos dirigentes do PSD”.
Marques Mendes foi o bombo da festa nesta entrevista – o que diz muito sobre o estado anémico do maior partido da oposição. “O PSD já está a perder o calendário para apresentar um projecto estruturado que seja alternativo ao PS em 2009”, criticou Sarmento. Mas que projecto alternativo? É o próprio ex-braço direito de Durão Barroso, na mesma entrevista, a enaltecer a “eficiência, o comando e a clareza” de Sócrates à frente do Executivo. “Tem uma marca de determinação e capacidade de decisão que se deve assinalar”, reconhece. Gaba também as “medidas correctas nas finanças públicas”, as “alterações estruturais” nas finanças regionais e nas finanças locais, e ainda as reformas da administração pública e da segurança social.
Mais: Sarmento proclama com ênfase que “há que deixar o Governo fazer o seu trabalho”. Prova evidente de que Sócrates está a actuar bem. É de estranhar, por isso, que conteste Mendes por “não apresentar propostas concretas nem uma visão alternativa ao País”. Para quê uma “visão alternativa” se Sócrates marca pontos como governante?
Mas deste PSD transformado num saco de gatos há que esperar tudo. E o seu contrário. Até que por fim a boa moeda expulse a má moeda. Mas esse momento ainda há-de tardar.