«Provavelmente» é uma palavra bonita
A não perder a leitura de hoje da coluna no Público «Quase memórias...Umas verdades», assinada por Carlos Vale Ferraz (pseudónimo literário do Coronel na Reserva Carlos Matos Gomes) e com pérolas como esta:
«Com honestíssima modéstia o doutor Almeida Santos reconhece que os políticos portugueses estiveram mais uma vez fora dos grandes assuntos da História de Portugal, entretidos, como lhes é próprio, a tratar da vidinha e dos negócios».
Ou, a propósito da ausência de relações politicamente eficazes com os movimentos de libertação:
«Que andaram os oposicionistas a fazer por França, por Argel e Roma se não foram reconhecidos, nem respeitados, nem tidos em conta passou a ser um mistério que a participação do doutor Almeida Santos não esclarece, antes adensa».
No artigo de Adelino Gomes que a crónica acompanha, parece que o Dr. Almeida Santos terá comentado - a propósito da transferência de bens para a metrópole - «que terá sido, provavelmente (negrito meu) "o único residente de Moçambique que não trouxe tudo quanto podia trazer"».
É verdade que todos trouxeram o que «podiam trazer», como me parece óbvio. A questão, como o Dr. Almeida Santos bem sabe, é o que não puderam trazer todos aqueles que, provavelmente, hoje não podem ouvir o nome do Dr. Almeida Santos sem proferir alguns adjectivos que aqui me escuso de repetir.