Olhem para mim, a tentar escrever a sério
Dois excelentes post do Eduardo Pitta sobre o Processo de Bolonha e a reacção dos académicos. Tive ocasião de participar, há cerca de 3 anos, na organização de um debate interno para a adequação a Bolonha dos cursos da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova, no Monte da Caparica.
Na ocasião detectei, como menciona o Eduardo, algumas resistências às eventuais consequências de Bolonha essencialmente em dois níveis: Uma preocupação com a redução da formação específica nos cursos de Física e Química, por exemplo. E no efeito que teria na diminuição do peso, nos diversos cursos, das cadeiras das matemáticas e física. A basezinha.
O que me pareceu positivo foi o cruzamento que permite aos alunos - entre o Major e o Minor -poderem conciliar cadeiras que se aproximam do que é desejado por quem estuda: Que não os obriguem a optar cedo demais por uma especialização limitadora dos seus interesses e opções futuras. O mercado de trabalho, aliás, também premeia cada vez mais um conhecimento de crossover entre várias áreas sem abdicar, obviamente, das competências específicas que estão na origem da contratação.
Já o que achei, se não negativo pelo menos complicado, foi isto: Com a redução das licenciaturas e ficando o que até agora considerávamos como tal equivalente a um Mestrado, como conciliar os menos anos de curso com a aquisição do Saber? Quanto a mim, isto pedirá aos professores e ao conteúdo dos cursos maior exigência, maior adequação entre a componente teórica e a prática e muita, muita atenção à actualidade do conhecimento transmitido. Os professores terão de estudar, é o que me parece.
Curiosamente, a ideia com que fiquei foi a de que o Processo de Bolonha cria uma clivagem, isso sim, entre quem defende o papel da Universidade como «útero» para a investigação e quem quer, cada vez mais, aproximá-la das empresas e do mercado. Mas isto já é outro assunto, e não para mim de certeza.