Aborto: três apontamentos
1. Ouço o líder parlamentar do PS dizer que a actual lei sobre interrupção voluntária da gravidez - em tudo semelhante à que vigora em Espanha - é "iníqua e socialmente injusta". Pasmo. Esta lei não foi aprovada em 1984 precisamente com os votos do PS, somados aos do PCP?
2. Quando terá o PS coragem política de considerar "iníqua e socialmente injusta" a posição assumida pela esmagadora maioria dos médicos portugueses, que recusam aplicar a lei de 1984 alegando que isso violaria o seu código de ética?
3. Ouço também o líder parlamentar do PCP garantir que o seu partido não deixará de fazer campanha pela despenalização "se houver referendo" ao aborto. Até à 25ª hora, os comunistas persistem na sua absurda reserva mental ao referendo, bem patente nas palavras que escolhem. Como se fosse politicamente sustentável que uma matéria - seja ela qual for - previamente submetida a referendo possa sofrer alterações por outra via que não seja a referendária. Ao menos na Coreia do Norte não existe esta tremenda maçada que é escutar periodicamente a voz do povo.
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