"Rentrée" política
Regresso a Lisboa depois de uns dias ausente do noticiário político doméstico. E o que descubro? Apenas isto:
1. José Sócrates anuncia (em artigo de jornal!) a dissolução a curto prazo da Comissão Permanente, um dos mais importantes órgãos do PS. Aparentemente sem um sussurro de protesto dos eternos bonzos do partido.
2. Cavaco Silva, que construiu o essencial da sua reputação no combate ao Bloco Central, acaba de patrocinar um "pacto de regime" entre socialistas e sociais-democratas sobre justiça. Pura lógica de Bloco Central, está visto. A bem da Nação.
3. Em sucessivos debates televisivos, destacados dirigentes do PSD (incluindo o secretário-geral Miguel Macedo e o deputado Jorge Neto) fazem coro com o Governo, ultrapassando até os socialistas no elogio ao pacote "reformador" da justiça.
4. Não satisfeito com o "abraço de urso" que Sócrates acaba de lhe dar, Marques Mendes reclama já outro pacto, desta vez sobre segurança social. O PSD, sob a actual liderança, parece-se cada vez mais com as equipas B de alguns dos grandes clubes de futebol. A equipa A (o PS) agradece.
5. O CDS berra de raiva. Pelo renascimento do Bloco Central? Não: por ter sido excluído do pacto entre socialistas e sociais-democratas, que também pretendia subscrever, até por "concordar com 80 por cento do seu conteúdo".
6. A eurodeputada socialista Ana Gomes continua a ser a mais firme voz de oposição ao actual Governo.